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Dificuldade de usar precatório como moeda de troca paralisa negociação de empresas; entenda

precatório como moeda de troca

presas que foram impedidas de usar precatório como moeda de troca fizeram o mercado secundário do ativo entrar em sinal de alerta. Afinal, após a decisão da Advocacia-Geral da União (AGU) revogar a portaria que permitia este tipo de transação, as gestoras dos títulos aguardam um parecer do Governo Federal para realizar investimentos ou aquisição de bens públicos.

Segundo informações do Tesouro Nacional, apenas em 2022, o estoque de precatórios da União teve estimativa de R$ 115 bilhões. Além disso, outros R$ 818,2 bilhões se encontram em tramitação, o que pode ampliar a dívida, caso o governo perca na Justiça estas ações.

Para entender melhor o impacto da proibição de usar precatório como moeda de troca, continue neste artigo exclusivo da Precato e entenda o cenário que se desenha para os próximos meses.

Resistência da União em liberar precatórios para negociação é preocupante

De acordo com o diretor de produtos estruturados da TAG Investimentos, Roberto Dib, “a ideia de usar precatório como moeda de troca do governo é atrativa”. Contudo, a proposta precisa voltar a ter viabilidade. Isso porque o mercado, como um todo, aguarda a regulamentação do processo para que as empresas tenham confiança na venda. Além disso, a medida pode reduzir o custo de capital das empresas de infraestrutura, permitindo o uso dos precatórios para alavancar os investimentos.

Para o ministro de Porto e Aeroportos, Márcio França, a próxima etapa depende da AGU. Ou seja, há um prazo de até 90 dias para dar um parecer final sobre a permissão de usar precatório como moeda de troca por parte das empresas.

Ao revogar a portaria que autorizava o procedimento, criou-se um mal estar no mercado. Afinal, a modalidade foi recorrente na 7ª rodada do leilão que a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) promoveu em agosto de 2022. Por exemplo, a empresa espanhola Aena tentou utilizar o recurso para pagar parte da concessão de 11 aeroportos brasileiros. Outro caso foi o da Rumo (RAIL3). Ela acionou a Justiça a fim de usar precatório como moeda de troca no pagamento da concessão de uma rodovia.

 precatório como moeda de troca

Não aceitar precatório como moeda de troca põe em risco a confiabilidade da União

No alvo da polêmica, a maior discussão é que há irregularidades do Governo Federal ao impedir o uso de precatório como moeda de troca, já que o título teve emissão da União. Na prática, o precatório surge após uma ação judicial contra a União ou suas autarquias, sem possibilidade de recurso. Logo, recusar o pagamento com os títulos significa que o próprio governo não deposita confiança nas dívidas que deve emitir.

Para o CEO da Precato, Bruno Guerra, “a situação causa desconforto no mercado, mas há a alternativa dos gestores buscarem soluções como negociar o precatório com empresas que compram esta modalidade de título. Dessa forma, elas podem movimentar seus ativos sem precisar aguardar a decisão da União sobre o uso dos precatórios como moeda de troca”.

De acordo com o Decreto 11.249/2022, as diretrizes para o uso dos precatórios foram definidas. Entretanto, após a revogação da AGU, o novo governo optou por avaliar a regulamentação de modo mais detalhado. Para o empresário da Jive Investimentos, Pedro Mota, “a União se colocou em situação de credora sendo que deveria entender que ela é a devedora. Quer impor regras como se o poder de barganha fosse dela”.

Emenda Constitucional 114 deu início ao impasse

Por fim, é importante explicar que a EC 114, resultando da PEC dos Precatórios que foi aprovada em dezembro de 2021, é vista como o ponto inicial da polêmica.

Isso porque, na ocasião, decidiram as diretrizes para o uso do precatório como moeda de troca. Em resumo, a autorização para o procedimento permitiu a negociação para:

  • Quitação de dívidas com a União;
  • Pagamento de concessões, outorgas e royalties em contratos de partilha de petróleo;
  • Compra de imóveis públicos disponíveis para a venda e participação societária da União passíveis de compra.

Entretanto, na prática, o atual momento impede o uso do precatório como moeda de troca na maior parte dos itens. 

Outro ponto de atenção do mercado, é que devido ao teto de gastos aprovado pela PEC, criou-se um clima de insegurança jurídica. Isso porque a previsão é que o estoque de precatórios se torne impagável ao longo dos anos. Afinal, a estimativa da Instituição Fiscal Independente (IFI) é que até 2026, o valor total alcance R$ 855 bilhões.

Matheus Alvarenga

Especialista em direitos creditórios e sócio da Precato, empresa líder no Brasil em antecipação de Precatórios Federais. Atua desde 2012 no mercado financeiro, com mais de R$ 1 bilhão intermediados em operações.

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